Ferrari assume a presidência da AL em 1983

 

 

 

 

Ferrari é
diplomado
 deputado
 estadual
 para o 2º
 mandato.

Em seu segundo mandato como deputado estadual, Antenor Ferrari assumiu a presidência da Assembleia Legislativa em janeiro de 1983, após acordo institucional, entre o PMDB e PDT (partidos oposicionistas ao então governo estadual). A 46ª Legislatura  (1983-1986) ficou divida em dois anos para cada um dos dois partidos, a serem exercidos anualmente, de forma alternada, sendo o primeiro ano para o PMDB.

A eleição para a Mesa Diretora e também a comissão representativa, aconteceram logo após os trabalhos de instalação da 46ª Legislatura, presididos pelo deputado Camilo Moreira (PDS), quando foram empossados os 55 novos deputados.

A indicação de Antenor Ferrari para a presidência foi decidida na composição da chapa, formada por deputados do PMDB e PDT, que obteve vitória com 32 votos, contra 23 obtidos pela chapa apresentada pelo PDS. Houve um voto em branco.

A Mesa Diretora ficou com a seguinte composição:

Antenor Ferrari - PMDB - presidente;

Ecléa Guazzelli - PMDB - primeira vice-presidente;

João Severiano - PDT - segundo vice-presidente;

Olímpio Albrecht - PDT - primeiro secretário;

Francisco Dequi - PDT - segundo secretário;

Élio Corbellini - PDT - terceiro secretário;

Germano Rigoto - PMDB - quarto secretário.

Mesa Diretora: Rigoto, F. Dequi, Ecléa, Ferrari, João Severiano, Albrecht e Corbelini.

 

Assembléia: prioridade para debate dos problemas sociais

 

 
Ferrari é empossado na presidência da AL.

Em sua primeira entrevista como presidente do Legislativo gaúcho, o deputado Antenor Ferrari afir­mou que pretende “transformar a Assembleia  num centro de debates dos problemas econômicos e sociais do Rio Grande do Sul e do Pais, e continuar a linha de austeridade admi­nistrativa que marcou as administrações do PMDB”.  Como presidente do Poder, disse, “procurarei ter o me­lhor relacionamento possível com o Executivo. Mas haverei de contribuir para que o Legislativo possa, efetivamente, fiscalizar todos os atos governamentais, seja através da atuação de seus parlamentares em Plenàrio, seja pelas Comissões Parlamentares de In­quérito e Permanentes da Casa”.

Ferrari comprometeu-se com a luta pela re­conquista das prerrogati­vas parlamentares, citan­do, entre elas, o poder da Assembléia em autoconvo­car- se, e de legislar em matèrias financeira e econômica. Garantiu, também, que continuará seu trabalho em favor da ex­tinção da Lei de Segurança Nacional que, segundo ele, é uma lei eminentemente genérica: “A qualquer pro­nunciamento, um parlamentar está sujeito a ser enquadrado na LSN, pelo simples fato de ter desagradado a determinados setores. São enquadramentos que se dão ao arbítrio das autoridades e não por questões de ordem legal”.

Tido como um parlamentar comprometido com os movimentos reivindicatórios surgidos no Estado, Ferrari disse ainda que presidirá a Assembleia Legislativa de acordo com o programa do seu partido, o PMDB. A questão adminis­trativa, para ele, é secundária, “e será repartida entre todos os integrantes da Mesa”. Assegurou, também, que a democracia interna do Poder será mantida, uma vez que sua administração “consultará todos os partidos representados na Casa, para todas as de­cisões importantes”.

 Sobre o debate das questões econômicas e sociais no Poder Legislativo, como uma das prioridades da nova administração, An­tenor Ferrari observou que o Pais vive “uma profunda crise neste setor, e o parla­mento deve trabalhar em cima destas questões con­cretas para o povo brasileiro. Somente assim a popu­lação poderá analisar estes problemas e ter discer­nimento sobre eles”.

O deputado, comentando o acordo feito entre PMDB e PDT para comporem a Mesa Diretora do Palácio Farroupilha, indicou que “ele é tão importante quan­to a necessidade que havia de ter ocorrido um acordo oposicionista para as eleições ao Governo do Estado”. Adiantou que, por um entendimento prévio à próxima composição da Mesa, PDT e PMDB examinarão conjuntamente a indicação do novo prefeito de Porto Alegre. Anunciou, por outro lado, três dos seus assesso­res : Erico Valduga, para supervisor do Gabinete de Imprensa; o ex-deputado Waldir Walter, para diretor geral, e Régis Ferretti, para chefe de gabinete, adiantando que realizará concurso público para o preenchimento dos cargos que não sejam de confiança dos parlamentares.

  

Ato formal de assinatura de posse de Ferrari, na presidência da AL.

Decisões democráticas

 Em seu discurso de posse, Antenor Ferrari afirmou que sua indicação foi “resultado objetivo da uni­dade das oposições”, razão pela qual “assumo publi­camente o compromisso de adotar uma postura que signifique a posição democrática da maioria deste colegiado”. Lembrou que saiu da Comissão Perma­nente de Direitos Humanos, “onde aprendi a conhecer e a conviver com o difícil co­tidiano dos problemas do povo gaúcho. Estes pro­blemas são o Imediato re­flexo de uma crise eco­nômica nacional, cujas so­luções todos nós, em con­junto, haveremos de perse­guir, porque esta é priori­tariamente a tarefa da classe política”.

Para o deputado, existe a necessidade de rearticular o Poder Legislativo com a Sociedade civil, a fim de que as próprias prerrogati­vas parlamentares sejam recuperadas. Ele propôs o aprofundamento da pro­blemática nacional dentro e fora do Legislativo gaú­cho, “visto que dispomos de meios para difundir a discussão popular em torno dos interesses da maioria dos rio-grandenses”.

“Três partidos estão representados na Assembleia Legislativa, e certamente os nobres deputados de todos eles têm procurado desempenhar seus quinhões de trabalho nessa responsabilidade. Contudo, olhamos mais longe: vários segmentos da população, militantes ou simpatizantes de partidos sem representação parlamentar precisam assegurar seus espaços no grande debate nacional. Por isso manteremos permanente diálogo com representações desses organismos partidários, para que as deliberações sejam adotadas com cunho absolutamente democrático exatamente como é a nossa formação”.

O peemedebista garantiu ainda que trabalhará em sintonia com seus companheiros de Mesa. Concluiu saudando as autoridades presentes à posse dos deputados eleitos em 15 de novembro “dizendo-lhes também que em meio às dificuldades que todos nós enfrentamos, há pessoas que precisam de nós. Em favor deles, da maioria dos gaúchos, é que vamos trabalhar. Com seriedade. Com austeridade, com elevação moral e com desdobrados esforços”.

Instalação da Comissão Representativa

Com a nova Mesa Diretora da Assembléia empossada, foi eleita a Comissão Representativa, com as seguintes chapas:

Bancada do PDS: Vercidino Albarelo, Erico Pegoraro, Roberto Cardona Antônio Carlos Borges e Francisco Lisboa. Suplentes: Alceu Martins e Luiz Fernando Staub.

Bancada do PDT: Dilamar Machado e Francisco Dequi. Suplente: Porfirio Peixoto e Romildo Bolzan.

Bancada do PMDB: Cesar Schirmer, José Paulo Bisol e Hilário Braun. Suplente: Dorival de Oliveira, Jauri Oliveira e Ecléa Guazzelli.